Patrono

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Aurélio da Paz dos Reis viveu plenamente os tempos da mudança, do progresso e da inovação que dinamizavam o Porto, afirmando-se como um homem atuante na vida económica, política, social, cultural e artística da sua cidade. Nascido no Porto em 1862, foi um hábil comerciante e floricultor, com a sua loja “Flora Portuense” na Praça de D. Pedro (hoje, Praça da Liberdade) e horto, jardins e estufas no seu palacete em Nova Cintra, ganhando vários prémios nas Exposições no Palácio de Cristal. Em tempos manifestamente políticos, enquanto republicano e maçom, Aurélio destacou-se como um dos revoltosos do 31 de janeiro (1891), como vereador e vice-secretário da Câmara do Porto, como membro de várias associações (Ateneu, Fenianos), como amigo e companheiro de personalidades de destaque. Reconhecido como um fotógrafo exímio, produziu das mais belas fotografias da viragem do século, retratando a família, documentando cenas quotidianas, eventos políticos e sociais, as suas viagens. São vários os prémios ganhos com fotografias suas a nível internacional. Introduziu o cinema em Portugal em 1896 com a apresentação de  pequenos documentários de cenas comuns da vida portuguesa que filmou  com uma máquina de projeção que nomeou “Kinematógrafo Portuguez”. Levando a experiência ao Brasil em 1897, o enorme insucesso obrigou-o a desistir de fazer cinema. Faleceu em 1931. O espólio fotográfico (9.260 negativos, 2.464 positivos), doado pelo neto, Hugo Paz dos Reis, à cidade do Porto, encontra-se no Centro Português de Fotografia (edifício que foi a antiga Cadeia da Relação). Já o espólio cinematográfico está arquivado na Cinemateca Nacional. Lê-se no Manual do Cidadão Aurélio da Paz dos Reis[1] que “se não tivesse sido fotógrafo – ou cineasta – a vida de Aurélio merecia ser preservada. Porque foi de facto um homem público, tão determinante como o podem ser aqueles “cidadãos” que se tornam símbolo de uma ideia.”

Helena Pais dos Reis

[1]SIZA, M. Teresa – Apresentação” in MINISTÉRIO DA CULTURA, CENTRO PORTUGUÊS DE FOTOGRAFIA – Manual do Cidadão Aurélio da Paz dos Reis. Porto: CPF, 1998. p. 11.